sábado, 25 de fevereiro de 2017

Ataúde


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O meu ataúde se deteriora
Eu o vejo, a cada momento, esmaecer.
Como velha pintura a embranquecer.
Que com o tempo se corrói e se corrompe.

Ele geme como nau fantasma.
Num mar frio e apavorante.
Na bruma escura do anoitecer.

Na sua casca de madeira e terra
Refestelam-se mil vermes rastejantes.
De cores pálidas e inebriantes.
Que atraem moscas coruscantes.

Seus pedaços caem ao caminho.
Eu sinto cada vez mais velho
Esse antigo ninho.

Espero impaciente o desfecho.
Quando o ataúde que me contem
Pelo seu próprio feito.
Se rompa em trilhões de pedaços.

Então, eu verdadeiramente viva.
Como borboleta livre do casulo.
Estenderei-me para os céus seja diurno ou noturno.

E voarei livre em minha alma
Retornando a pátria da qual nuca esqueço.
Que aguardei e que almejo.
Até o próximo ataúde que mereço.

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