sexta-feira, 24 de abril de 2015

Pó.


Sou torta semente
Ledo engano da natureza
Não atraio pela beleza
Não canto e nem encanto
Sou o mais comum dos seres
Nada tenho que me diferencie de outro
Nem tampouco que me identifique com quem quer que seja.
Não fui o primeiro e nem o último
Parei no meio do nada
E muitas vezes nada me sinto
Tão pouco nada faço.
Ando sem rumo
Assim não canso
Nem penso
Não quero e não desejo.
Aceito o que vier a chuva, o sol, o relampejo.
Acoita-me a noite, o descampado ou o freixo.
Os fantasmas me tomam por companheira
Não se assustam nem me maltratam
Respeitam a dor que comigo habita
De ter me tornada nada na vida
Como eles poeira e pó.

Nenhum comentário: