terça-feira, 30 de abril de 2013

In-rconhecendo


Não, não reconheço essas mãos.

Que alisam delicadamente as letras desses livros.

Parecem-me mãos de anciã,

De xamã,

uma sábia,

Druida,

Uma antiga wicca,

uma pagã!

Eis que não reconheço essas mãos!

Que parecem saídas de uma biblioteca antiga e mágica.

Que se unem a uma mulher também, por mim, desconhecida.

À qual busco desvelar os véus e a mente.

De quem são essas mãos?

Que repentinamente me parecem estranhamente sábias.

E essa mulher que observo constantemente desde quando ainda era menina

Por ventura serei eu?

Ou uma fagulha  divina em retorno à aquele que a observa?


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mais de meio século

Espelho, Inha Bastos (Brasil, 1949) Menina do espelho, 2008, ost. 50x50cm
Menina do espelho, 2008
Já se foi meio século
Quão pouco aprendi.
Tantas vezes as mesmas lições
E parece que nada entendi.

Mais de meio século
Em meio à escura ignorância
Que minha mente permeia
A alma minha corrompe.

Já se foi meio século
Tanto que aprendi
Desde os primeiros passos
Quanto descobri

Véus e véus rasguei
Neste mais de meio século
Quanto me descobri.
Contudo, quão pouco ainda sei...

Assim, como no verso.
Sei nada
Ou pouco sei
Do que fui
Do que serei.

Fantasmas


 

Fantasmas nas janelas, nas portas, nos umbrais.
Dedicam-se a espionarem minha vida.
Roubam minha luz.
Escurecem meus olhos.
Rasgam minhas ideias.
Devoram minha felicidade.
Destroem minha paz.
Detonam minhas esperanças.
Definham minha vontade.
Cortam meus laços de amor.
Esfriam minhas paixões.
Embrutecem minhas emoções.
Entranham-se no meu coração.
E estabelecem seus domínios.
Baseados no medo, na raiva, na magoa.
Posso dizer, ora, são fantasmas.
Todavia são os meus fantasmas...
Que me tonteiam o raciocínio.
E ferem profundamente
Como todas as lembranças amargas o fazem.
Carcomendo a minha vida
Como a ferrugem que coroe o ferro
Até nos restituir ao pó. 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Perola.




Como a ostra que guarda em si um tesouro
Uma única e inestimável perola
Branca e ouro.
Como o Sol que nasce
O céu abrindo
Em luz branca e ofuscante.
Guardamos em nós
Enorme prenda divina
Ligada à alma tão humana
Encontra-se a Divina Presença
Eu Sou.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Paz almejada.



Paz almejada.

Paz.

Eu desejo,

Eu quero,

Eu necessito,

Eu almejo,

Eu sonho em ter,

Eu busco,

Eu anseio,

Eu careço,

Eu espero,

Eu prescindo...

Quem sabe...

Quando retirar de mim esse pequeno eu...

Eu a tenha.

domingo, 14 de abril de 2013

Busquei.





Busquei.


Estou perdido entre as minhas próprias trevas

Na escuridão que criei pouco a pouco

Através de tantas eras.


Carcomi minha alma

Com tudo que o homem deseja

Poder, beleza, sexo, fama, fortuna.


E agora pago preço alta por tanta estultice.

Hoje sei não valeu a pena

Cada ato tresloucado do homem encarnado.

Pois valia em minha parte mais gentil.


Os prazeres da carne são louváveis

Quando não levados a potência máxima

Quando não esquecemos até onde devemos ir.


Ir até onde não machuque o outro

Não lhe roube a alegria

Não lhe torture o coração.


Não há castigo, pagamento...

Somente essa tristeza, mortificação.

Essa falta de luz em mim.

Esse vazio em meu coração.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Pressa.



 



Pressa.

Tenho pressa, muita pressa.
O tempo é curto para cada vida
Para cada vinda
Contudo pouca pressa para a ida.

Vai e vem, idas e vindas.
E é aqui os testes, o desfecho,
Do desafio assumido.

Casso não aprenda,
Casso não entenda,
Caso não cumpra...

Ficarei em divida comigo,
Com meus amigos,
Com meus mentores,
Com a Consciência.

Por isso tenho pressa,
Correndo atrás de tempo perdido,
De palavras soltas ao ar, de feitos mal feitos.
Que não posso apagar.

Quando isso ocorre à mente
Por que essa pressa?
Nada retorna.

Como um arco retesado
Apontada à flecha
Atirado atirada nada a detêm.

O caminho traçado cumprido,
O alvo atingido,
O espírito enegrecido
O erro concluído.

Não tem mais sentido, Não tem mais significado.
Não se apaga erros, realizados, nãos os modificamos.
Somente outra chance, sem pressa, esperamos.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Saiba que amo.



Saiba que amo
Cada Sol que nasce rasgando o céu escuro
Cada céu escuro com suas lanternas brilhantes
Cada lanterna com seu brilho próprio
Cada brilho que ascende uma esperança
Cada esperança no coração dos homens
Cada homem que realiza o sonho sonhado
Cada sonho sonhado que clareia o mundo
Cada mundo mais claro e amado
Cada amado ser que sonha
Sob o sol diurno
Sob as estrelas no céu escuro
Cheios de esperança no coração
Coração que realiza sonhos
Que ilumina o orbe
E espalha o amor.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Bruxa

Da magia, do encanto, da ilusão

Nasce o sonho cheio de sofreguidão.

Que povoa minha imaginação.

Treme suado e amedrontado meu coração.


 Donde conheço essa aparição?

Que me persegue incansavelmente

Noite e dia alternadamente.


 Vejo-a pelos cantos dos olhos

Sobrevoando os telhados

Em noites de lua cheia.

Fixa fico... como presa em uma teia.


 Cheia de prazer convida-me a com ela partir.

Medo e vontade se digladiam

Será que devo ir?


 Suspensa no tempo,

Estancada no ar, espera minha decisão

Mas, o temor maior que a vontade,

Prende-me ao chão.


 Esvoaça entre as estrelas,

Segura por cordas mágicas no espaço,

Num bale exuberante de perfeito compasso.


 Pode parecer estranha criatura,

Em uma vassoura cortando as alturas.

Que sorrindo parte em algazarra,

Plenamente livre, sem amarras.


 Enquanto me sentencio a nulidade.

Perdendo o que poderia ser...

Se nela me tornar-se.


Mallika Fittipaldi

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Cinzel




Cinzel

Desejo te amar novamente
Recomeçar.
Deletar lembranças (às más),
Esquecer, por completo, tristes eventos,
Fazer de conta,
Brincar de Polyana Mulher.
Apagar as cicatrizes,
Das humilhações,
Das traições,
Não ouvir seus gritos,
Nem tão pouco seus queixumes,
Riscar da memória todas as lágrimas,
Todos os sorrisos que não dei.
Olvidar permanentemente minhas dores,
Tua falta de amor,
De respeito,
De carinho,
E mesmo de caridade para comigo.
Abrir a caixa de Pandora e libertar a esperança.
Volta a te ver com olhos de criança,
Sempre tão crente,
Cheios de perdão.
Mas, se isso faço...
Perco tudo que aprendi
Entre os espinhos dessa relação.

Perco minha identidade
Construída à base da proteção.
Perco meu contato com o Divino
Criado no tempo de minha solidão.
Pensando bem, não vale a pena, não.
Melhor te ver como cinzel
Que entre pancadas leves ou torturantes,
Moldou o que hoje sou.
Melhor que antes.
Obrigada irmão.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Eu tenho medo!



Podes me dize que é só um rato!
Um pequeno camundongo,
Um roedor até simpático.
Que me teme mais que eu a ele.
Que deveria envergonha-me de tanta covardia
Frente ao pequeno ser que guincha.
E não incomoda a quem quer que seja
Para que fugir covardemente de tal fera minúscula?
Que agora jaz sem movimento.
Eu te respondo
Sobre a cadeira,
Os joelhos tremendo,
Suor na testa escorrendo,
Tremula de pavor e asco...
Eu sei, eu sei!
Ora, ora era só um rato!

Moral da história:
Depois do perigo passado qualquer um é corajoso.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Minha escuridão.



Quando a Luz chegar eu estarei pronto a recebê-la?

Ou ainda serei tão espesso que não poderá minha alma clarear?

Saberei aguardá-la com sabedoria?

Ou me atirarei a caminhos curtos em sua busca, em agonia?

Ficarei de prontidão, em vigília?

Ou entre as belezas do caminho a esquecerei por minharias.

Serei eu a abraçá-la?

Ou outra personagem a minha alma estará vestindo?

Reconhecerei a verdadeira Luz?

Passará ela por mim despercebida em meio a tantas foscas luminárias?

Alguém me chamará a atenção para o fato?

Quem sabe eu envolvido em bobagens apartar-me-ei da Claridade?

Peço ao Cosmo estar pronto.

Mesmo que a Luz cegue meus olhos,

Queime minha alma e seus erros,

Doa como a morte alheia,

Abraçar-lhe é meu profundo desejo,

Pois, já não suporto tantos erros,

Por mim cometidos na escuridão que criei.