sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

História de porto.



Nos seus cachos prendia meus dedos.

E os enrolava cada vez mais.

Negras cascatas.

Que vinham até a tua nuca.

Ou se debruçava sobre os verdes olhos mar.

Com o qual olhavas para o horizonte.

Onde barcos de pesca saíam em aventuras.

E tu corrias até as pedras da praia

Até vê-lo se tornarem pequeníssimos pontos nas águas frias.

Voltavas para mim.

Olhava-me.

E eu sabia.

Que um dia irias embora

Num barco qualquer

A qualquer hora.

Meu coração tremia.

E com minhas mãos de menina.

Eu prendia as tuas as minhas.

Crescesses e fostes.

Eu fiquei, na vila, vendo os barcos.

Fosses e voltasses tantas vezes.

Mas, um dia não voltastes com o barco.

Ficasses perdido de amor por outra alma.

Mas, eu não, eu fiquei no porto.
Dias após dia.

Esperando-te.

Esperando-te.

Chamavam-me a moça do porto.

Chamavam-me a mulher do porto.

Chamavam-me a velha do porto.

Até que um dia cansada.

Debrucei-me nos rolos de cordas.

E te vi.

Como eras.

Vieste, voltastes.

Corri a te abraçar.

Nada que passou valia a pena.

Só nosso amor.

Volvo os olhos para a velha do porto.

Está frio.

Ajeito seu chalé.

E tu e eu partimos.

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