quarta-feira, 8 de junho de 2011

Campo de batalha


Há sangue no campo.


O corre, corre dos soldados entre as balas.


Que zunem nos nossos ouvidos.


Aqui, ali, acolá um dos nossos caí atingido.


Sua face estampa a dor, a surpresa da morte.


Isso acontece também do outro lado.


O fogo é intenso.


O medo maior ainda.


Não dá pra pensar muito.


É só corre, correr, corre.


Para onde não sei.


O que fazer.


Atiro a esmo.


Não sei o que acerto.


Deus que faço aqui?


O que fazemos aqui?


E corro em busca de um abrigo.


Finalmente sinto um calor no coração.


Uma dor fina e penetrante que me rouba o ar.


E um enfraquecimento que me dobra as pernas.


Olho para minha farda.


Ela se tinge de vermelho.


Vermelho vida.


Estou morrendo, penso.


Morrendo, morrendo, morrendo.


Tanta coisa a fazer e morrendo.


Caio com o rosto na lama fétida.


Entra na minha boca a terra molhada.


Terra em que mais tarde se tornara uma vala.


Onde jogarão meu corpo.


Se puderem talvez.


O silêncio agora impera.


Não ouço os gritos, os gemidos, os pedidos de socorro.


A escuridão vai cedendo.


A uma luz diáfana.


Volto a campo de batalha. Mas já não é o mesmo.


Ao lado de cada corpo estendido encontra-se um ser de luz.


Olho e vejo que também tenho um acompanhante.


Que me sorri.


De suas mãos saem raios de luz verde safira para meu coração.


Que parece ficar sem peso ou dor.


Ele me levanta.


Olhamos para frente.


Nada me diz.


Só aponta.


O mais belo jardim por mim visto.


Ainda volto os olhos para os caídos.


E vejo que esses anjos socorrem.


Meus amigos e meus inimigos.


Dirijo meu olhar inquisidor ao anjo e ele responde:


São todos irmãos.

Nenhum comentário: