sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um filho se perde aos poucos.

Um filho se perde aos poucos.

Quando ele saí de nós e cortam o cordão umbilical.

É a primeira grande separação.

Quando ele aprende a respirar sozinho.



Um filho se perde aos poucos.

Quando já não nos suga os seio em busca do alimento.

E prefere as papinhas e as sopas.

E empurra com pequenas mãozinhas nossos seios intumescidos de leite.

Ate que sequem como um pouco da nossa relação.



Um filho se perde aos poucos.

Quando desce dos nossos braços.

E preferem engatinhar pelos cômodos.

Quando dão os primeiro passos.

E correm pela casa aos tropeços.



Um filho se perde aos poucos.

Quando vão ao primeiro dia de aula.

Vestidinhos em fardas coloridas.

E nos deixam sozinhas.

Em casa. Esperando seu retorno.



Um filho se perde aos poucos.

Quando eles começam a ter amigos.

Jogos de bola, corridas, carrinhos e bonecos com quem falam.

E já não falam tanto com a gente.

E ficamos mudas olhando-os cresce.



Um filho se perde aos poucos.

Quando começam a escolher suas roupas.

Seus amigos.

Seus brinquedos.

Suas diversões.

Seus momentos de ficarem sós.



Um filho se perde aos poucos.

Quando começam a escolher a escola que querem freqüentar.

Quando vão as festas sozinhos.

Quando encontram seus primeiro amores.

Quando não desejam nossa companhia.



Um filho se perde aos poucos.

Quando se formam.

Quando trabalham.

Quando vão morar sozinhos.

Quando se casam.



E nesse momento doloroso em que reconhecemos que perdemos os filhos.

Os perdemos para o mundo.

Agradeçamos a Deus...

Por ter sido tão lenta a perca.

Que só quando o portão se fecha na hora da sua partida.

É que percebemos que eles se foram.


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