sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sem paixão.


 Lucian Freud, Rapariga nua a dormir, 1968; Óleo sobre tela;




Pode haver paixão? Sofreguidão? Excitação?
Quando os cabelos de negra graúna
Transformaram em brancos flocos de neves?
Os belos olhos brilhantes, úmidos, vivos
Tornaram-se opacos pela catarata?
A pele de pêssego do rosto
Enrugou qual maracujá maduro?
O pescoço ereto, altivo, esquio
Trás as listras dos sim e não dados na vida?
Os seios que apontavam
Hoje descansam sobre o abdômen?
O ventre liso de bailarina
Foi Arredonda, esticado, ressecado pelas gestações?
Os membros firmes, as pernas roliças
Trazem as juntas deformadas pelo reumatismo?
Não te engana coração
Teu espírito é jovem
Teu desejo existente
Mas, teu corpo te impede
Dentro da visão desse mundo inconsciente
De apaixonar-se novamente.

2 comentários:

alma disse...

Malika,

vim agradecer a visita e deparo-me com um blog fora de série.

este poema arrepiou-me tal a sensação da verdade.

bj

Mallika disse...

Obrigada querida.

Também amei seu blog.
bjus.