quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Preciso de tempo.




Preciso de mais tempo.

Para por as coisas em dia.

Para arrumar minhas gavetas.

Meus documentos.

Minhas gravatas.

Preciso de mais tempo.

Para fazer os relatórios.

Corrigir mapas de vendas.

Verificar licitações.

Telefonar aos gerentes.

Identificar os produtos que se precisa urgente.

Preciso de mais tempo.

Para por minha agenda em dia.

Levar o carro para lavar.

Engraxar meus sapatos.

Organizar minha pasta.

Por em ordens documentos.

Verifica as contas dos bancos.

Fazer os pagamentos do dia.

Buscar nova freguesia.

Visitar clientes sem falta.

Verificar diferenças de preços.

Cortar o cabelo.

Fazer as unhas.

Torna-me mais apresentável.

Levar o relatório ao chefe.

Passar meus e-mails.

Não esquecer os fax.

Preciso de mais tempo.

Para por o trabalho em dia.

Preciso de mais tempo.

Para ganhar dinheiro.

Comprar o que preciso.

Educar meu filho.

Deixa-lhe herança.

E o tempo passa.

E passa o tempo.

E esqueci de me dá tempo.

De amar minha esposa.

De mimar meu filho.

De criar verdadeiros amigos.

De ajudar a quem precisava.

De perdoar os inimigos.

E não há mais tempo.

Para Deus.

Para minha alma.

E digo adeus ao tempo.
Em escura ignorância.

Um comentário:

Nilson Barcelli disse...

Por vezes não sabemos gerir o tempo e há um desiquilíbrio entre o tempo profissiona/pessoal e o tempo da família.
Gostei do poema, magnífico.
Um beijo.