sábado, 10 de outubro de 2009

Quem poderia?


Quem poderia?

Tirar-me do fosso?

Que cavei tão profundo.

Onde colhi e coloquei todas as dores do mundo?

Quem poderia estender-me a mão?

Estática, imunda, seca do mal.

De todo mal que fiz.

Estendida há séculos, paralitica, senil.

Quem poderia falar

A ou meus ouvido mudos

Ocos de sons

Cheios de gritos, sussurros, malicia.

Tapados as palavras sãs.

Quem faria essa boca sorri

Nem que fosse um esgar

Uma paródia de sorriso

Um rachar de lábios.

Quem poderia me socorrer

Das paredes que fiz tão forte

E em círculos prendi-me no tempo

Em cada ato escandaloso e vil.

Tu que me ouves poderias?

Ou nem acreditas que ainda existo?

Num lugar lúgubre

Criado pela minha própria maldade

Habitado pelos meus iguais.

Em covas e abismos.

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