sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Encontro.


Numa encruzilhada se encontraram.

_ Aonde vais?

_ Ceifar.

_ Por que?

_ É a hora certa.

_ não te vás.

_ Faz-se necessário.

_ Não poderia estender uma moratória?

_ Para que? Reclama-se de tanto sofrimento.

_ Mas, ninguém te deseja.

_ Não necessito de convite. Posso ir e vir à hora que me convier.

_ Tens piedade.

_ Pois não é que a tenho. Por isso ceifo.

_ Como dizes essa barbaridade!

_ Tu não vês quanta bondade faço?

Retiro do leito das dores intermináveis os que gritam de dor.

Os cansados da vida que lamuriam eternamente.

Os tristes pela solidão dos que lhe antecederam na passagem.

Os que vivem em erros profundos antes que comentam mais enganos.

Os velhos que têm o corpo frágil para sustentar a alma.

As crianças para que não sofram tanto, não errem tanto, não se iludam tanto.

As mães que choram a perda dos filhos.

Os viciados para que se afastem dos seus pendores mal sã.

Os recém natos para que continuem com sua vida no mundo das almas.

Assim, vivo a prestar a favores, a conceder benesses. E por que reclamas? Se ao final de algum tempo todos retornam a ti.

Deixa-me ir vida.

_ Vai irmã morte. Como dizes todos a mim retornarão. Somos, nós duas, portas de saída e entrada. Trânsito interminável das criaturas.

E cada uma seguiu seu rumo.

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