sábado, 14 de julho de 2007

Na rua


Na rua

Na rua encontro os amigos e as boas conversas.
Os bares e os chopinhos.
As piadas que me fazem rir.
A fofoca e a maledicência.
O julgamento dos atos dos outros.

Na rua encontro o sexo fácil e casual.
O amor passageiro.
A paixão fulminante.
O gozo instantâneo do mundo.

Na rua esqueço meus problemas.
Minhas dificuldades e minhas impossibilidades.
Posso ser rei ou bandido.
Ninguém realmente se importa.

Na volta da rua encontro a mim mesmo.
Abraçado pela solidão.
Preso ao desespero da vida inútil.
Mutilado pela falta de sentimentos.
Solitário, triste e abatido.

Olho o velho quadro do Cristo na parede.
Empoeirado como meu coração.
Desbotado como minhas aspirações.
Esquecido como eu mesmo.

Em muitos anos o fito como se o fosse pela primeira vez.
E para espanto e encanto ainda encontro nos olhos do Mestre paz.
A paz que procuro no mundo e não encontro.
Esses olhos que parecem falar comigo, que me chamam .
A um mundo tranqüilo e amoroso.
E que me parece perguntar: até quando esquecerás de mim?

Sem o perceber meus olhos marejam.
Meu coração sente-se tocado pelo velho quadro.
Busco um pano úmido e limpo-o.
Como estivesse limpando a minha própria vida, a minha própria alma.

Renovo em esperança, nas palavras que Eles disse: vinde a mim...
Irei senhor. Peço-te, contudo, força para vencer a mim mesmo.
Para caminhar pela rota por ti traçada.
Que requer esforço e vontade.
Ampara-me na minha decisão e acolhe-me em teus braços.

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