terça-feira, 26 de junho de 2007

Envelhecestes.


Quando já não enxergares como antes.
E os olhos marejarem com a leitura.
E não puderes mais ler teus bons livros amigos.

Quando tuas pernas já não suportarem o peso do corpo.
E vergarem no caminhar.
E já não puderes correr ou apressar o passo.

Quando as mãos ficarem marcadas pelos sinais do envelhecimento
E a pele já não tiver a elasticidade.
E se enrugar.

Quando tua voz já não atingir certos timbres.
E se tornar mansa, baixa e vacilar.
E teu canto tremular.

Quando teus ouvidos tiverem que parar para compreender sons.
E os cantar dos pássaros te parecer soar longínquo sempre.
E os dias parecerem cada vez mais silenciosos.

Quando teus filhos já não prestarem atenção as tuas palavras.
E nem aos teus conselhos.
E já não te dirigirem olhares de orgulho por serem tua obra.

Quando a mesa ninguém te dirigir a palavra.
Ou perguntar tua opinião.
Sobre qualquer assunto.

Envelhecestes.

E lembrarás do que já fostes e não do que és.
E tua dor será grande.

Mas, haverá Deus que não te esquece.
E vendo teu sofrimento te fará voltar a tua infância.

E esquecerás dos teus filhos e netos.
E na tua mente só restarão as lembranças da tua meninice.

Reverá teus pais e irmãos.
Os teus brinquedos favoritos.

Retornaras a ser pequenina no colo da tua mãe.
E em algum dia belo ou não...

Amanhecerás já do outro lado.
Junto dos seus que partiram antes e que te esperam como filha amada.

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